Depeche Mode I
Talvez a mais influente banda dos últimos 20 anos, redefiniu formalmente o rock respeitando as suas convicções e alterando as suas concepções. Quando se formaram no início da década de 80 eram uma banda de electro com aspecto inocente, letras inóculas e qualidade musical mediana, o que não impediu que se tornassem um sucesso no seu país natal talvez devido ao entusiasmo generalizado pela electro que se vivia no Reino Unido. Foi a primeira digressão norte-americana que elevou o grau de exigência da banda e a fez compreender que se podia fazer rock com sintetizadores.
1986 foi o ano de viragem para a banda. “Black Celebration” pode não ter sido um sucesso mundial (cerca de 350.000 discos vendidos) mas estabeleceu a atitude que definiria os Depeche Mode no futuro. A música homónima mostra esta sedução pelo obscuro, a “gravitation towards negativity” como viria mais tarde o vocalista e líder da banda David Graham a descrever. As letras tornam-se então mais ousadas, mais explicitas, a sonoridade torna-se mais negra, o visual muda.. a inocência perde-se os Depeche Mode renascem. A partir de “Music for the Masses” o sucesso mundial transforma-os simultaneamente na maior banda pop, rock e electro do mundo. Tornavam-se também controversos à medida que o protagonismo aumentava. Seria contudo com “101” que atingiriam o auge da sua carreira iniciada 6 anos antes (estávamos em '88). As letras e melodias de Martin Gore são não só obscuras como apelam ao niilismo de princípios, à ambição/ganância (uma das suas obras-primas, “Everything Counts” trata justamente estes temas), à luxúria (entre outras “Question of time”) e mesmo ao sado-masoquismo (“Master and Servant”). Por vezes é a própria melodia que veicula estes sentimentos (“Stripped”, “Behind the wheel”) servindo de apoio a letras que noutros enquadramentos poderiam por exemplo ser catalogadas de românticas.
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