domingo, novembro 26, 2006

The Byrds I - Mr. Tambourine Man

Mr. Tambourine Man, lançada em Agosto de 1965 como um cover para rádio da música originalmente escrita por Bob Dylan é um dos raríssimos casos em que a cópia é melhor que o original. A sua interpretação quer a nível de vocal, quer a nível melódico (crédito neste caso para McGuinn, que tratou dos arranjos) é extraordinária. A música é maravilhosamente agradável, possuindo uma composição (literalmente) harmónica, quer na voz, quer nos dedilhados de guitarra. É como um sonho de Verão, quente e agradável leve e frágil. O seu ritmo lento (considerávelmente mais lenta que a versão da Dylan) só contribuí para enfatizar a modelação de voz que Jim Dickson dá a cada palavra e a cada verso.
Posso dizer que é uma música psicadélica, não no sentido comummente atribuído à música psicadélica (tipo os Pink Floyd de Barret), mas antes porque é tão onírica, tão surreal, tão difusa que só esta palavra a descrebe com exactidão.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Falta de Tempo (post informal)


Sem tempo para posts longos, aqui deixo as minhas fontes de motivação nos dias que correm. São estas músicas (juntamente com o ipod) que me fazem sair da cama, que me fazem entrar no metro para a faculdade e que me fazem rastejar de volta para os subúrbios já a noite vai alta:
  • Arctic Monkeys: A certain Romance, Fake Tails of San Francisco;
  • The Beatles: o White Album todo (destaque para as Revolutions, a Yer Blues e a já referida While my guitar gently weeps);
  • The Byrds: Mr Tambourine man (recomendo muito vivamente) Eight Miles High;
  • Bob Dylan: A hard rain's gonna fall, Hurricane;
  • Bobby Mcferrin: Aleluia;
  • David Bowie: Rebel Rebel, Ziggy Stardust, Lady Stardust;
  • Depeche Mode: The World in my eyes;
  • The Doors: The Awake Ghost Song;
  • The Strokes: You only live once;
  • New order: Bizarre love triangle (5 estrelas, uma música de culto extremamente influente);
  • The Who: Baba O'Riley

segunda-feira, novembro 13, 2006

Rock & Roll

O termo Rock & Roll foi utilizado pela primeira vez em 1951 por um DJ de Cleaveland (cidade curiosamente muito mais associada à música country) na referência à canção "My Baby Rocks Me with a Steady Roll". Calão para "relações sexuais" o rock descende, em termos evolutivos, do blues. É tradicionalmente descrito como um género de música com origem negra (como são aliás todos os grandes géneros músicais surgidos no século XX com excepção da música electrónica) caracterizado por guitarras eléctricas, fortes ritmos de bateria como fundo e estruturas líricas centradas no refrão.
Contudo esta definição não passa de mera curiosidade histórica, uma vez que seria extremamente linear e limitativo definir assim rock. A sua influência na sociedade é de tal forma profunda que criou a sua própria cultura, ou melhor, a sua contra-cultura baseada no incorformismo, no forte individualismo ou na rebelia face ao que está instituído.
Musicalmente o rock é definido por uma batida de 2 & 4 num tempo de 4/4. O curioso desta definição aparentemente tecnicista é que embora poucos a saibam interpretar, todos reconhecem rock quando o ouvem. É como um instinto, uma fórmula mágica que transforma os símbolos banais de uma partitura num som univeralmente reconhecível. Pura alquimia.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Ziggy Stardust

Esta música do album homónimo (chamava-se de facto "The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars") lançado em 1972 catapultou instantâneamente David Bowie e o seu altar-ego Ziggy Stardust para o sucesso e para o reconhecimento no mundo do rock and roll. Com uma letra extremamente criativa e bem humorada que funde o espacial com o terrestre, Bowie consegue uma fabulosa mistura exótica, ousada e sobretudo alucinante:
"Making love with his ego Ziggy sucked up into his mind

Like a leper messiah

When the kids had killed the man I had to break up the band"
Curiosamente, e entre inúmeras possíveis referências que esta canção pode ter, gostaria de frisar o seu lado de storytelling. Ouvimos, ao longo de toda a música a história do trio de Ziggy, Weird e Gilly (The spiders from Mars), desde o início ao sucesso e até à separação da banda (devido ao excessivo egocentrismo de Ziggy) latente nestes versos (note-se a descarada metáfora ao mundo do rock).
Formalmente a música pode de facto ser considerada uma obra-prima. Com acordes e dedilhados básicos (ainda que cheios de garra) a voz de Bowie destacasse mostrando toda a sua extraordinária diversidade, textura e amplitude. A força da sua pronúncia proeminentemente britânica (note-se a já reconhecida influência de Syd Barret) encaixa maravilhosamente na sua dicção ora ácida e quase corrosiva, ora extremamente grave e harmoniosa. Um marco da história do Rock & Roll.

P.S. Talvez seja interessante ouvir a demo original gravada em guitarra acústica (e com erros nos acordes!) de forma a notar-se a evolução a nível vocal desta versão para a do album.

domingo, novembro 05, 2006

While my guitar gently weeps

While my guitar gently weeps é talvez a maior contribuição de George Harrison para a música dos Beatles (enquanto compositor). Não creio que exista outra música que me transmita tanto aquele "Sentimento de um ocidental", aquele desinteresse do quotidiano, de banalidade da vida e ainda de corrupção do espírito ("you were perverted to..") como esta o faz. While my guitar gently weeps é uma música que consegue ser perfeitamente sóbria e crua nas suas palavras mas que devaneia simultaneamente na melodia com a guitarra ácida (e por vezes distorcida) de Harrison e com a genial secção progressiva de piano. Enquanto as palavras de Paul são contidas e profundamente calculadas, tanto a guitarra como a back-voice prolongam-se numa liberdade imensa contrastando assim com a contenção da letra. Esta canção é um estado de espírito algures entre o hiper-acordado e a alucinação do sonho. Esta é a melhor forma que encontro para descrevê-la. Absolutamente obrigatória (assim como a versão acústica de Lennon com letra alterada.)

P.S. A título de curiosidade ouça-se a versão dos White Stripes, óptima percepção da canção presente nos arrajos de guitarra (embora não deva ser levada demasiado a sério).